Fim dos tempos...

Eu estou com medo.
Os jornais só falam que as coisas estão ruins.
Estamos sem combustível, a comida está cada vez maior, a violência está na porta e as doenças parecem derrubar um a um.
Temo pela minha família.
Temo por tudo.
A vida nessa Terra está cada vez mais difícil.
Parece que estamos caminhando para o fim.
O que fazer?
Estou com medo e completamente tomada pela inércia.
Não sinto vontade de sair da cama. Pra nada.
Não estou vivendo meu inferno particular. É o mundo que está um inferno.

Sair sozinha...

Algo que eu já conheço há tanto tempo...
Mas que acabou de se tornar algo novo.
E raro!
A sensação é incrível.
Me sinto mais bonita.
Mas só sentir é pouco.
Preciso ser vista, olhada...
Isso não tá acontecendo.
Tô num buraco negro sem fim.
Resolvi fazer a única coisa que posso fazer quando saio da asa de papai: beber!
Isso!
Sozinha.
Tomando um chopp e vendo o tempo passar.
Sim...

Relatar algo bom

Minha lição de casa é escrever algo bom.
Mas tá difícil por aqui. Na segunda tive más notícias do médico e da psicóloga. Não saio da cama desde então. Assisto série, levanto, como, faço xixi e volto pra cama. Num momento do dia eu tomo banho, passo fio dental nos dentes, sacudo a cama e deito novamente. Terça, quarta, quinta...
Fica difícil contar coisas boas se mal chego até a varanda.
A coisa boa é Que msm com essa ansiedade tamanha que me faz comer, to perdendo gramas e desde o início do tratamento já foram 3kg.
Isso é uma coisa boa. De vez em quando experimento roupas velhas e gosto. Tiro fotos pra comparar com as antigas. Só assim consigo ver o quanto emagreci. Além disso...
Mentira. Não há nada além disso.

Tô perdendo o controle

Já não sei mais o que tá acontecendo comigo.
Me convenço de que são os remédios, mas to saindo da casinha.
Não lembro de coisas que aconteceram ontem.
Tenho uma crise de pânico até com o barulho da raquete do meu pai matando mosquitos.
Fogos? Crianças jogando bola? Papai sendo grosso comigo? Mamãe me impedindo de fazer o almoço pq não tínhamos tempo?
Meu corpo inteiro treme. Meu coração dispara. Eu choro como se sentisse a maior dor do universo. Sofro imensuravelmente e vai acalmando. Passando.
Durmo 6 horas por dia e passo todo esse tempo tendo sonhos vívidos e desconexos ou complementares, mas que se eu não falar na hora que acordo, esqueço tbm. Como as coisas que comi ontem. Esqueço. Eu esqueço tudo.
Minha mente é um pudim.
Eu estou em pânico por isso.
Não conaigo controlar minhas emoções e elas vem cada vez mais intensas. Hj pensei de forma real, nos passos que eu deveria seguir para levar o Ka pra resolver e explodì-lo comigo dentro. Eu realmente pensem na logística para que isso acontecesse.
Pq eu não aguento mais.
Não sei mais como parecer normal. Como me livrar das pessoas no meu pé.
E o meu pavor de que desistam de mim? Eu não vou durar mto tempo sem Supervisão. Não sou capaz.
Será que não? Meu Deus. Que bagunça essa minha cabeça.
Tô com medo sair foda da casinha e aí...já era!

Mais um dia ruim

Um dia cheio de horas infinitas...
Tô com medo de comer mto. Tô enxergando tudo bastante turvo. Tá difícil escrever.
Deu uma vtde impulsiva de tomar jack Daniels com Bastante gelo. Eu nunca senti isso. E agora estou mto bêbada.
Bebi sim . Tô bem entorpecida. Difícil até pra andar.
Ainda tomei um açaí com morangos pra compor a  gordice.
Tudo isso depois de tomar o remédio de dormir e estar morrendo de fome.
Ou seja: Péssima ideia!
É isso. Fim!

Novas linhas

Sobre me sentir um fracasso?
Hj levei minha mãe comigo a psicóloga. Ambas concordam que sou uma adolescente retardada. Deveria estar vivendo outra fase, mas ainda estou na adolescência.
Desde que o médico me receitou estabilizador de humor, ando lendo sobre transtorno afetivo bipolar e me identifico mto. A psicóloga não disse que é possível, mas tbm não descartou a possibilidade.
Isso explicaria as crises sem causa.
Enfim, ela pediu pra que eu somente saísse acompanhada por enquanto. Isso foi uma sentença de privação pra mim. Desde que tudo isso começou, sinto que perco cada vez mais minha autonomia.
Pra completar, meu médico disse que desconfia desse mesmo diagnóstico. Mas que o tratamento é o mesmo. Então vai manter. Apenas aumentou a dose. Pro meu desespero.
Hj aumentamos as doses. Meu maxilar dói de tanto que to apertando. Não consigo parar.
Tô chateada. Aborrecida. Sem esperanças.
Minha cabeça tá confusa com as novas informações. Eu sou definitivamente alcoólatra.
Minto pras pessoas que eu amo por isso.
Me transformei em algo que odeio.
Ou será que sempre Fui?

Minha culpa

Hj não foi um dia bom.
Viemos pra casa e no caminho achei que estivesse ficando gripada. Corpo mole, estranho.
Parei pra abastecer e resolvi comprar umas coisas para um almocinho em casa com meus pais.
Só que demorei demais e tínhamos compromisso. Minha mãe não me deixou cozinhar.
Isso me deixou tão, mas tão chateada que me recusei a comer qqr coisa. Joguei tudo de qqr maneira. Derrubei o queijo e gritei de raiva. Aquilo me afetou tanto. Fui pro banheiro e comecei a chorar. Meu corpo todo tremia de raiva. Depois peguei e bolsa e saí com ela. Não queria ouvir a voz dela. E tbm não queria abrir a minha boca.
Só que tudo isso foi culpa minha. Apenas minha.
Semana passada eu estava me sentindo toda toda pq havia ganhado mais dias de licença e eu estava ótima. Então comecei a abusar.
Ganhei liberdade, saí sozinha e bebi. Passei esses dias bebendo. Bebendo e dirigindo. Não sei pq, mas essa combinação me causa uma sensação boa. Depois me sinto um lixo de culpa e arrependimento.
Cheguei a passar pelo pedágio para Teresópolis pq estava bêbada e não acompanhei o GPS e as placas. Me sinto tão envergonhada. E com raiva!
No fds parei os remédios pra "beber em paz no dia das mães". Sendo que eu estava bebendo desde quinta-feira. Uma ou duas no caminho de um canto a outro. Mas estava.
No domingo passei o dia bebendo. Foram 6 no total, entre almoço, jantar e soninho da tarde. Nem me senti bêbada. Fiquei super animada com isso.
Resultado: Hj meu corpo deu sinais da ausência abrupta do remédio.
Eu sou a única culpada de tudo isso.
Estou me sentindo horrível.

Heineken

Bebi!
Esse tempo todo.
Sempre acompanhada.
Será que enganei a todos?
Enganei a mim mesma?
Na primeira oportunidade parei em posto e bebi.
Foram 4 cervejas.
Estou bebendo a quarta agora. Me sinto bêbada.
Não quero morrer. Mas quero focar aqui até perder a consciência.
Avisei a família e pedi confiança em mim.
Mas nem confio.
O que será isso?
Gosto desse sabor. Gosto dessa sensação.
Queria morar num lugar que tudo isso fosse bom. Essa sensação entre o momento que bebo e sinto isso. Deveria ser pra sempre.
Queria pra sempre viver nesse momento.
Pq algumas pessoas são assim?
Outras vivem perfeitamente. Sem precisar de nada extra.
Mas eu nasci com defeito. EU SOU ASSIM!

O tempo tá passando

As marcas do que aconteceu já estão sumindo do meu corpo.
Confesso que isso me faz bem. Olhar meus pulsos feridos me deixava com uma sensação ruim.
Talvez do insucesso por não ter conseguido finalizar.
Talvez da fraqueza por ter chegado a tal ponto.
Não sei ao certo, mas é bom não tê-las mais. Não ter que tentar esconder a todo tempo. É Bom!
As coisas estão caminhando. Estou em casa, mas ainda não consegui curtir um belo descanso. Todo dia tenho algo pra fazer e resolver.
Por outro lado, isso tem sido ótimo pra minha cabeça. Anda ocupada!
E esses remédios? Comecei com um. Mudei. Agora outros... Minha cabeça anda pesada. Embaralhada. Confusa.
Tbm tem boca seca e uma sede absurda, tem uma dorzinha nas costas (to achando que são rins), dor no estômago (comecei omeprazol). Tudo isso além da moleza e indisposição que ando sentindo. Às vezes não sinto vtde de falar e nem escrever. Mal respondo ao Diogo e ngm mais.
Um dos remédios eu já conheço e sei que leva umas duas semanas pra que esses sintomas sumam. Depois fica bom. Só que demora.
Os outros são novidades pra mim. Vamos ver como vai ser. Tô com um medo absurdo de engordar. O médico pensou bem comigo nos medicamentos menos engordativos.
Espero que funcione!
Enfim... Estou esperançosa. O tempo tem corrido a meu favor.
Ele vai passando...
E tudo tá indo junto com ele...
Ficando pra trás.
É tempo de pensar pra frente.
Isso é uma grande evolução!

Avulsa

Assim que sempre me denominei.
Claro... após divórcio e compreensão de mim.
Sabe quando vc vai numa festa, cumprimenta todo mundo e depois se ausenta por horas e ngm dá falta?
Era assim. Uma vez fui num churrasco da família. Todo mundo lá. E eu me sentia sozinha.
Saí. Sentei no meio fio e passei todo o churrasco lá.
Ninguém sentiu minha falta!
Ngm procurou por mim.
Nessa época, me incomodava ser avulsa. Me incomodava o fato de não ser essencial pra ngm.
Depois me acostumei.
Ser querida já estava de bom tamanho. E eu era. Aliás, sou. Não posso negar.
Mas essencial não. Essencial continuava não sendo.
Não antes.
Não há 10 meses atrás.
Talvez até fosse há uns 4, 5 meses atrás. Mas nos últimos meses não. Nos últimos meses passei a me sentir essencial para alguém.
Tenho alguém que vai sentir minha falta após 5 minutos de sumiço repentino. Tenho alguém que sofre mto por mim. Sofre por minhas crises. Por meus surtos... Hoje eu tenho alguém!
Não sou mais avulsa!
Claro que ngm é insubstituível. Se eu morrer, todo mundo vai superar. A vida é assim... Ela segue.
Meus pais vão sofrer, mas hj eles tem o Júnior. Minha irmã tbm vai, mas ela tbm tem o Júnior.
O Júnior vai perguntar por mim, mas depois de uns meses ele nem vai mais lembrar direito.
E até para quem me faz sentir essencial, as coisas vão passar. Depois de um tempo ele vai ter um novo relacionamento, vai recomeçar...
Tudo vai caminhar com a minha partida. Tem que ser assim.
Mas fico mto feliz por saber que HOJE não sou mais avulsa e que minha presença é essencial à vida de alguém.
Isso trás conforto ao meu coração.