terça-feira, 22 de março de 2011

Família...

Eu sei que eu não deveria ter esses sentimentos feios e só Deus sabe o quanto eu me esforço para não tê-los.
Eu tento tanto manter meu coração limpo... Sou uma pecadora e não to me eximindo de várias culpas que tenho, mas procuro não ter sentimentos ruins pelas pessoas por achar que isso é muito mais negativo pra mim do que pra elas.
Mas agora eu estou com muita raiva...
Eu to chorando, mas não é de mágoa, nem de tristeza... É de ódio!
Ódio por ter que engolir seco, por ter que acatar ordens, por ter que ouvir certas verdades e não poder fazer nada.
Sempre tive problema com a minha mãe. Fui uma adolescente revoltada sim. Ela dizia que eu era rebelde sem causa, mas eu sempre discordei.
Ela sempre provocou meu lado mais agressivo. Usando frases do tipo:
  • Eu sou a mãe, você é filha. Tem que obedecer!
  • Cala a boca! [Nossa... Essa me mata!]
  • Eu mando, a casa é minha!
  • Vai fazer pq eu to mandando!
  • Vai agora!
E otras coisas do gênero... Isso não funciona comigo... Nunca funcionou!
Eu realmente não podia responder, então quebrava a vassoura, arracanva os olhos dos ursos, jogava roupas no chão pra não fazer barulho, batia forte a porta do quarto e deixava pra trás tudo que ela tinha "mandado" fazer e não abria a porta nem por um nada.
Quando eu ainda era adolescente, ela me levou a uma psicóloga pra tratar minha agressividade e depois de algumas sessões a psicóloga fez uma reunião com nós duas e, com muito jeitinho, disse que quem precisava de tratamento era ela, pois eu só estava respondendo, ao meu modo, o tratamento que eu recebia.
Meus pais nunca foram agressivos comigo e com a minha irmã, minha mãe batia na gente sim, mas nunca foi uma surra. Na época até eu achei que era um absurdo ela falar isso da minha mãe, mas hoje eu entendo. A agressividade era a minha forma de expor, já que eu não podia responder, nem optar, só podia obedecer calada... Eu explodia...
Depois de certa idade, minha mãe não batia mais na gente, mas ameaçava bater...
E com a idade avançando essas minhas crises se intensificaram, e ela voltou a me bater...
Eu me revoltava mais pq eu já não era mais criança, tínhamos quase o mesmo corpo, a mesma altura e pra me machucar, ela usava toda sua força, ficava com os braços doendo e eu não podia revidar, o que eu sempre considerei uma covardia, pq era como se ela estivesse lutando com alguém com os braços amarrados.
Ela me batia, eu caía na cama, levantava e continuava olhando pra cara dela, sem nada falar e pronta pra levar mais, mas sem entregar os pontos. As lágrimas desciam, mas eu não dava o braço a torcer...
Da última vez que isso aconteceu eu já tinha 21 anos. Não lembro o motivo, mas lembro que ela me bateu muito. Fiquei com os hematomas roxos nos braços. Mas me irritei tanto que segurei os braços dela... Nunca senti vontade de bater nela não... E ela me dizia assim: Você é louca pra me bater, não é?
Nesse dia que segurei as mãos dela, ela disse que eu havia batido nela, mas ela sabe que não... Ela socava meus braços, lembro perfeitamente do som... Não era o estalo de um tapa, era um som mais fechado e doía, mas eu não reclamava... Caía na cama e parava pertinho do rosto dela... Não conseguia segurar as lágrimas, mas não abaixava a cabeça e ela dizia que eu a estava enfrentando e me batia mais... Aí eu segurei os braços dela e larguei rápido, coloquei uma calça de ginástica e saí... Ela perguntou aonde eu ía e eu não respondi... Fui saindo e ela disse que se eu continuasse não era pra voltar mais... E eu nem olhei pra trás...
Saí andando sem rumo... Naquela época, eu não estava sozinha... O Jr ligou lá pra casa minutos depois e ela disse q havia brigado comigo e eu tinha saído sem celular e sem dizer pra onde ía... Ele não pensou, foi pra minha casa, olhando pelo caminho, não me achou e continuou rodando por outros caminhos, acabou me achando quase na Alameda, me pegou e me levou pra casa dele... Fiquei uma semana por lá e foi nessa época que resolvemos casar... Eu não queria voltar pra casa... Depois disso, meu relacionamento com ela mudou... Eu deixei de ser amiga...
Só passamos a nos dar bem depois que eu casei...
Quando estava morando com a Fran também...
Aí eu voltei!
Estava dando tudo certo... As vezes ela me irrita muito, mas dá pra suportar...
Agora, depois que ela fez essa cirurgia, ela está insuportável...
Começou pq eu não fui até o hospital. Poxa, ela só podia ter 1 acompanhante, tudo bem que o quarto era particular, mas não havia necessidade de eu estar lá... Eu passei o fim de semana em casa, arrumei tudo, fiz a comida e quando ela chegou, todos estavam em cima dela e ela me perguntou: Não vai ajudar a sua mãe não?
Ela sabe que eu não consigo olhar nem picadinha de mosquito com casquinha e fica exigindo que eu chegue perto pra olhar a cirurgia... 
Fica me colocando a prova o tempo todo... Não respeita minha posição.
Eu, pra suprir isso, tento fazer de tudo pra ajudar... Arrumo, lavo, passo, cozinho... Uma verdadeira dona de casa... 
E ela sempre dizendo que eu não faço nada... Francine chega do trabalho e, muito mal, lava o prato que ela comeu... Mas faz curativo e auxilia minha mãe no banho... Então... Coitadinha da Fran, ela mal chega e já está trabalhando... Eu chego do trabalho, só troco de roupa e fico em pé por mais ou menos duas horas na cozinha e ela diz que eu só faço a janta. Isso já tá me enjoando...
Não to aguentando mais... Ela chega perto pra reclamar de mim, pq não aguenta mais a minha cara feia o tempo todo e quando eu vou falar, sabe o que ela faz? Vanessa, chega! Não to afim de discutir isso...
Tudo bem... Eu comecei a fazer as coisas do meu jeito... No fim de semana eu não tomei iniciativa pra nada... Francine fez o almoço no sábado e no domingo... Ela ainda me pediu pra lavar a louça e depois minha mãe bateu na porta do meu quarto pra me pedir pra arrumar a cozinha... Fran fez a comida e passou o resto do fds assistindo TV.
Hoje eu cheguei e a faxineira estava aqui, então não tinha muito o que fazer, já que ela estava limpando a cozinha... Fiquei no meu quarto e acabei dormindo um pouco... Na hora que levantei, ela me disse que papai havia deixado o frango na pia pra eu limpar e eu perguntei: Pq não Francine? Ela prontamente respondeu que a Fran estava atarefada desde a hora que chegou e eu estava dormindo...
Nem preciso dizer que a discussão começou... Aí ela, como sempre cortou o assunto... Logo depois, ela mandou a Fran largar o frango e vir a porta do meu quarto pq ela queria falar com as duas.
Disse que a partir de agora teremos hora pra acordar, que ela vai exigir mais de nós, que nós estamos na casa dela e teremos que cumprir as regras dela, que não quer ninguém elevando o tom de voz pra ela e que ou a gente faz o que ela quer ou a coisa vai ficar feia. 
Eu perguntei: Feia como? Vai me bater de novo?
E ela respondeu: Eu não, seu pai! Ele está perdendo a paciência com vocês - E corrigiu - Com vocês não, Vanessa. Com você!
Aí a Fran foi liberada e a conversa continuou só comigo. Eu disse que cumpro as regras pq são minhas obrigações, mas que além de me obrigar a fazer as coisas ainda tem que ser na hora que ela quiser e sorrindo... Pq ela vive reclamando da minha cara... Aí, ela disse que eu vou fazer o que ela quiser e na hora que ela quiser, mas a minha cara é problema meu, pq ela não tá nem aí se eu to gostando ou não, ela quer que eu faça... E começou a falar uma série de coisas e eu questionando todas... Pq eu também mereço ser respeitada e ela disse que não... Que quem tem que respeitar a mãe é o filho e não o filho respeitar a mãe.
Onde já se viu? Eu não mereço respeito? Me mandou calar a boca, disse que já tinha terminado e eu continuei questionando.
Foi então que meu pai deu um grito lá da área: Eu já estou perdendo a minha paciência!
Nossa... Como ele é grosso! Parecia que estava numa briga de bar... Que vergonha!
Aí eu tive que engolir seco, entrei no banheiro e disse baixo pra ela: Agora você gostou, né?
Ela respondeu alto: |Gostei pq, Vanessa? Posso saber? Acho que você perdeu a noção!
Só pra ele ouvir...
Minha vontade foi de gritar com toda força da minha garganta que a odiava, jogar tudo que estava na minha frente no chão, rasgar uns papéis da escola que estavam na minha mão... Mas eu engoli, assim como engoli meu choro... Odeio chorar na frente das pessoas. Odeio ser fraca, mostrar fraqueza, mostrar fragilidade... Odeio isso...
Peguei minha toalha e entrei pra tomar banho... Aí sim eu chorei... Mas foi de ódio por ter que engolir tudo isso...
Odeio ordens!!! Ela me disse pra eu imaginar que estou no trabalho, pq lá eu sou muito mais competente do que em casa. Eu disse a ela que seria impossível, pq eu sou paga pra fazer o que eu faço lá, eu estudei pra isso... Não me preparei pra ser dona de casa...
Ser obrigada a aceitar isso me faz tão mal... E dessa vez eu tenho que encarar tudo sozinha... Isso dói!
Antes eu tinha ele comigo... Me dava força... Me acalmava... Me apoiava... |Estava sempre do meu lado, pq ele via como ela era...
Agora não... Não tenho a quem procurar pra me contar uma piada, pelo menos... É nessas horas que faz falta... Muita falta...
Eu estava gostando de morar aqui... Mas agora vou começar a me preparar pra ir embora... Não vou suportar isso...
Ela já começou com essas ordens... Esses dias veio falar que precisamos ajudar em casa, que meu pai não exige nada, mas que seria nobre da nossa parte, principalmente eu, que uso muito o computador... Outro dia jogou uma piadinha que eu sou a que mais gasta luz em casa, por causa do computador...
Poxa... Nem banho quente eu tomo... Só estando muito frio mesmo. A televisão de 42" não consome energia não, as duas geladeiras também não... Só o computador...
É implicância... Eu disse que ela está um nojo depois dessa cirurgia... E é verdade... Intragável...
To desabafando pra ver se diminui esse sentimento ruim do meu coração... Pq tá muito forte... Minha vontade foi entrar no carro e sumir... Mas não posso fazer essa infantilidade e voltar no dia seguinte com cara de arrependida. Vou me estruturar novamente e quando eu sair, vou sair de vez...
Não queria isso... Aqui consigo juntar dinheiro e tal... Mas vai ficar difícil suportar isso...
Vai acabar dando uma merda grande e eu prefiro evitar...
Sem saco pra revisar o texto...
Vou dormir e rezar muito pra Deus me ajudar a não sentir isso que to sentindo...

Nenhum comentário:

Leia também