domingo, 19 de setembro de 2010

O encanto das bruxas

"Que importa se a vida é torta
e se neste instante nenhuma porta se abre?
Vejo através de frestas
um lindo sol que começa ensaiar.
Seus raios ainda inibidos
anunciam chegar.
E eu paro e reflito
que não existe conflito,
a não ser que se queira.
Me vejo diante do espelho
que outrora me viu chorar.
Não há como negar:
não sou mais a mesma.
Meus olhos transmitem um brilho
que um dia deixei escapar.
Desejos vividos, amores perdidos,
nada mais me abala.
É o meu ser que se instala,
que faz meu coração pulsar.
Trago só boas lembranças,
momentos felizes de infância,
eu escrevendo a beira-mar.
E assim meu coração se abre.
O sol ocupa agora,
posição de destaque
e eu me sinto feliz. [...]"

"Surge em mim...
uma mulher mais forte.
As outras mandei embora.
Sinto-a e a embalo.
Concentro-a num círculo
sem início nem fim.
Numa dança não ensaiada,
faço os passos que eu quiser.
Não existem não possos,
não devos, não queros.
Só ser é tudo que dito
e no meu coração esculpido,
só há o amor.
E quanto mais me vejo,
mais me acho.
Não fico na expectativa de nada.
O que vier é bem-vindo.
Solto meus cabelos
e deixo que o vento os leve,
pra onde for calmo e tranquilo.
Prazer é só o que faz sentido.
Então pego sutilmente meus braços,
me abaço e sorrio."

Carmen Lucia

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